terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Reino de Ifé

Antes de conhecermos mais sobre o Reino de Ifé, vejam uma reportagem que o jornal "The Guardian" fez sobre uma exposição que aconteceu no Museu Britânico, em Londres, chamada "Kingdom of Ife" (Reino de Ifé). Selecionei algumas imagens desta exposição para vocês terem uma noção da beleza que era a arte de Ifé.



Reino de Ifé



A figura de um rei, Ita Yemoo. A escultura de liga de cobre escultura data do final do século 13 ao início do século 15. Foto: Karin L Wills / Museu de Arte Africano / Comissão Nacional de Museus e Monumentos, Nigéria



Esta foi uma exposição maravilhosa do Museu Britânico e reuniu um número muito grande de obras-primas que raramente ou nunca foram expostas fora da Nigéria antes. E obras-primas do mesmo naipe do Exército de Terracota (China), do Parthenon (Grécia) ou da máscara de Tutankhamon (Egito).

Para os artistas europeus de um século atrás, a escultura africana era poderosa exatamente porque não se conformava com a idéia de beleza inspirada na Grécia clássica. Porém, eles não tinham visto a arte de Ifé, uma cidade-estado medieval que floresceu entre os séculos 12 a 15 na África Ocidental, e se relacionou com o mundo islâmico do Mediterrâneo através do deserto do Saara.


As esplendorosas cabeças esculpidas desta exposição - estátuas de pessoas doentes, monumentos aos guerreiros, cabeças reais - foram descobertas pela primeira vez, nessa quantidade, em um achado surpreendente em um canteiro de obras na cidade nigeriana moderna de Ifé em 1938. Esta arte era tão diferente, inesperada, tão "não-africana", que um dos seus primeiros alunos pensou que devia ser a arte perdida de Atlantis.


Mas essas obras não eram gregas, muito menos de Atlantis . Os rostos esculpidos eram desafiadores e formidáveis em sua beleza . E eles eram perturbadores para quem acreditava que somente a arte europeia merecia ser reconhecida e valorizada. Escultores em Ifé imitavam o rosto humano tão precisa e sensivelmente como qualquer grego, e estavam alinhados com a sensação dos gregos de harmonia, equilíbrio e proporção.


O que vemos aqui é uma arte clássica africana - e chamo de “arte clássica” uma arte com um forte conceito de ordem que lhe confere uma autoridade especial, seja em Atenas, na China ou em Ifé. Como a arte do Egito Antigo, a de Ife é perfeita, remota.


Ifé permanece misteriosa. O catálogo de obras nos leva a crer que há muito ainda a aprender sobre essa arte e sobre o mundo que a criou. Espero que esta exposição seja o ponto de partida para uma nova arqueologia . Ela provoca admiração. Contemplar estas cabeças reais é viajar para um mundo de fábulas muito além de sua imaginação, um lugar mais rico que Atlantis.

Tradução livre e adaptada de Léo Rossetti
Texto original em inglês: http://www.theguardian.com/artanddesign/2010/feb/26/kingdom-of-ife-british-museum-review

















 

Os iorubás ou iorubas (em iorubá: Yorùbá), também conhecidos como ou yorubá (io•ru•bá) ou yoruba, são um dos maiores grupo étno-linguístico ou grupo étnico na África Ocidental, composto por 30 milhões de pessoas em toda a região. Constituem o segundo maior grupo étnico na Nigéria, com aproximadamente 21% da sua população total.





Vamos conhecer um pouco mais sobre Ifé?




Ifé é hoje uma cidade de tamanho médio, cujo povo pertence ao grupo étnico Yoruba, um dos maiores na África. Centro comercial para uma região agrícola, cultiva inhame, mandioca, cacau e tabaco. O algodão é cultivado e usado para tecelagem. O significado da palavra "Ife" na língua yoruba é "amor". Vamos conhecer um pouco da história desse lugar?


História



Ifé é um dos reinos do Império Yorùbá, as suas origens, mergulhadas na mitologia do seu Deus Olodumare e os Orixás, não nos fornecem, do ponto de vista cronológico, um ponto inicial preciso.
Os Yorubas, vieram do Nordeste, talvez do Alto Nilo, por vagas sucessivas, entre o século VI e o século XI, com paragens, em particular na região do Kanem.
Ifé provavelmente foi habitada no século VI, data mais antiga fornecida até agora pelo método do radiocarbono a materiais recolhidos de escavações na cidade.
Ela foi o centro de dispersão, sendo reconhecida por todos os Yorubas como a fonte místicas do poder e da legitimidade: o lugar de onde partia a consagração espiritual (sendo o Oni, chefe de Ifé, o grande pontífice ) e onde retornavam os restos mortais e as insígnias de todos os reis, Ifé era considerada uma cidade sagrada para os Yorubas.

Fonte: Wikipedia


A cidade-estado de Ifé





Sua Alteza Oba (Rei) Aderemi I, o Oni de Ile Ife, Yorubaland, Nigéria, c.1930



 Estima-se que no início da cidade de Ifé, o poder não era centralizado, mas compunha-se de um conjunto de diversas aldeias de comerciantes e agricultores. Com o passar do tempo, esses núcleos formaram uma cidade-estado, com poder centralizado na mão do oba (também chamado de oni) mais poderoso da região, que residia em Ifé.

De acordo com a crença ioruba, o obá tinha origem divina, por isso era o governante e o chefe religioso. Os obás governavam com o auxílio de um conselho formado pelos chefes das principais famílias e por representantes dos comerciantes. Esse conselho tinha muito poder, já que escolhia o obá que governaria por determinado período. Caso o obá se mostrasse autoritário, incompetente ou cometesse alguma falta grave, ele teria que abandonar o cargo. 

Um dos destaques de Ifé era sua metalurgia. Produziram cabeças humanas em tamanho natural feitas de latão cobre e bronze com riquezas de detalhes que até hoje impressionam pela perfeição. Essas cabeças eram representações de reis, soldados, músicos e deuses. Usavam também a terracota para fazer essas esculturas, adornadas com panos, colares e pulseiras.

Ifé entrou em declínio econômico, e é possível que tenha sido substituída pela cidade de Oió a partir do século XVI, mantendo-se, no entanto, como centro religioso de grande importância. Nos séculos XVII e XVIII, o Reino de Oió tornou-se o mais poderoso dos reinos iorubas, pois tinha uma forte organização militar, composta de arqueiros e uma bem estruturada cavalaria. Esse reino foi extinto no século XIX.

Fonte: MOCELLIN, Renato e CAMARGO, Roseane de. Perspectiva História, 7.  São Paulo: Ed. do Brasil, 2012. pp.168-169


Oba Adesoji Aderemi, o Ooni (Oba) de Ife, posando para a fotografia com alguns artefatos excepcionais e de alto valor em Ile-Ife, Yorubaland, por volta de 1940. Ele reinou entre 1930-1980



E agora que você já conheceu um pouco da antiga Ifé, que tal conhecer um pouco mais sobre a atual Nigéria?!

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