Pesquisar este blog

Bem-vindxs ao Profissão História!

Este blog foi criado com o objetivo de servir de suporte pedagógico para minhas alunas e meus alunos, colaborando no processo de ensino-aprendizagem para além da sala de aula, de maneira virtual, dinâmica e interativa. E também para oferecer a todxs que se interessam em conhecer mais sobre a História, seus segredos e encantos, suas curiosidades e surpresas! Os conteúdos postados aqui não possuem fins lucrativos e se destinam única e exclusivamente ao âmbito educacional.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O Reino do Benin




O Reino do Benin foi formado anos mais tarde que Ifé, entre os séculos XII e XIII. A região já era ocupada havia milhares de anos por povos denominados edos.

Segundo a tradição local, a monarquia do Benin era formada por descendentes de um rei de Ifé. Portanto, havia uma íntima ligação entre as duas cidades, e seus reis também eram chamados de obás.
Assim como Ifé, Benin era um ponto de encontro de mercadores, que utilizavam como moeda barras e manilhas de cobre e pedaços de ferro.

Os reis do Benin fortaleceram seu poder conquistando mais de 200 cidades e aldeias a partir do século XV. Essas conquistas se devem principalmente ao poderoso exército local. Após essas conquistas, os soberanos ergueram muralhas e construíram um imponente palácio.

Os obás do Benin também eram responsáveis pelos cultos religiosos, e seu poder era considerado divino. Ricos e poderosos, os obás eram protetores dos artesãos e dos artistas. Os artesãos se especializaram em esculturas de bronze e cobre, além de placas para adornar o palácio real.

No Benin, as mulheres tinham direito à participação política, o que possibilitou que algumas ocupassem o cargo de obá. A rainha-mãe tinha grande prestígio e veneração dos súditos.


Conhecendo um pouco mais...

A capital do reino era dividida em quarteirões especializados em atividades produtivas: fabricação de tambores; fundição de bronze; curtumes, esculturas em madeira. A renda do rei provinha de tributos cobrados sobre bens alimentares e produtos artesanais. O rei dispunha também do trabalho dos cativos, geralmente estranhos, e do monopólio das exportações.

Na direção do Estado, o rei contava com a assistência dos dignatários (aqueles que ocupam cargo elevado ou que têm alta graduação honorífica) e de outros homens livres que davam prova de competência e honestidade. Eles recebiam títulos e funções que, somados, formavam uma complexa estrutura social hierarquizada. A partir do século XV, Benin estabeleceu relações mercantis com Portugal e outros países europeus com base no tráfico negreiro e no comércio de manilhas de ouro.


Kabengele Munanga. Origens africanas do Brasil contemporâneo. São Paulo: Global, 2009. p.66

Fonte: Renato Mocellin, Rosiane de Camargo. Perspectiva história, 7. 2ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2012. pp.169-170







Benin em imagens: ontem e hoje



Obá recebendo um grupo de embaixadores portugueses no século XVI


Ilustração de Angus McBride mostrando um obá do Império do Benin 




  




 


 
Origem

Segundo um conto tradicional, fala-se de um Estado, uma forma de república anterior ao reino. Os povos originais e fundadores do Império de Benim, o povo Bini, foram inicialmente governados pelos Ogisos (Reis do Céu). A cidade de Ubini (mais tarde chamada Benin City) foi fundada em 1180.

Cerca de 36 Ogiso conhecidos são contabilizados como príncipes do império. Uma tradição oral afirma que durante o último reinado o Ogiso, seu filho e evidente herdeiro Ekaladerhan foram banidos do Benim em conseqüência de uma mensagem do oráculo para Ogiso, modifica por uma das rainhas. O príncipe Ekaladerhan era um poderoso guerreiro e bem amado. Na partida do Benim se deslocaram no sentido oeste para à terra dos Yoruba. Nessa ocasião, o oráculo de Ifá disse que o povo Yoruba de Ile Ife (também conhecida como Ife) seria regida por um homem que sairá da floresta. Na sequência Ekaladerhans chegou à cidade Yoruba de Ife, ele finalmente subiu à posição do Oba (significado 'rei' ou 'soberano' na língua Yoruba) e depois recebeu o título de Ooni de Ife.

Ele mudou seu nome para 'Izoduwa', (que na língua dele diz, "Eu escolhi o caminho da prosperidade") e ser digno do Grande Oduduwa, também conhecido como Odudua, Oòdua e Eleduwa, dos Yorubas. Na morte de seu pai, o último Ogiso, um grupo de Chefes de Benim liderados pelo Chefe Oliha veio para Ife, implorar ao Oba (Rei) Oduduwa para voltar ao Benim para subir o trono. A resposta de Oduduwa foi "um governante não pode deixar o seu domínio", mas ele tinha sete filhos e iria pedir para um deles voltar ao Benim para se tornar o próximo rei.

Oranyan (também conhecido como Oranmiyan), um dos filhos de Oduduwa e filho da esposa Yoruba de Oduduwa Okanbi, concordou em ir para Benim. Ele passou alguns anos em Benim antes de voltar para as terras Yoruba e estabelecer o seu próprio reino Yoruba de Oyo. Diz-se que ele deixou o local com raiva e chamou-o "Ile Ibinu" (que significa, "terra de aborrecimento e irritação), e foi esta frase que se tornou a origem do antigo nome 'Ubini' de Benin City. Oranmiyan, em seu caminho de casa para Ife, parou brevemente em Ego, onde ele engravidou a princesa Erimwinde, a filha do Enogie de Ego e ela deu à luz uma criança chamada Eweka.



Durante o reinado do Oba Oduduwa como Alaafin de Oyo, Eweka tornou-se o Oba em Ile Ibinu. Oba Ewedo, um ancestral do Oba Ewaka I, mudou o nome da cidade de Ile Ibinu para Ubini, que o português, na sua própria língua, corrompeu-a para Benim ou Bini. Em 1440, Oba Ewuare, também conhecido como 'Ewuare o Grande ", chegou ao poder e transformou a cidade-estado em um império. Cerca de 1470, ele nomeou o novo estado Edo.


Idade de Ouro

Oba do Reino de Benin em procissão, século 17. Giulio Ferrario,
IL Costume Antico e Moderno (Milano, 1815 1827).

O Oba tornou-se o supremo poder na região. Oba Ewuare, o primeiro Oba Golden Age, é creditado com a Benin City que se converteu em uma fortaleza militar protegida por fossos e paredes. Foi a partir deste baluarte que ele lançou a sua campanha militar, e começou a expansão do reino.


Contato com os Portugueses

Quando os portugueses entram em contato com Benin, por volta de l480, o reino se encontrava em plena expansão. Teria umas oitenta léguas de comprimento por quarenta de largura. Benin vivia em intermináveis guerras em seu processo de expansão. Nos últimos anos do século XV, uma expedição portuguesa foi à capital do reino para estabelecer os primeiros contatos com Evaré, o Grande, o Oba em exercício (era o décimo quinto da dinastia). A Oba recebeu os portugueses de braços abertos.



Cabeça de marfim, Império de Benim,
século XVI (Metropolitan Museum of Art).

O cobre era um dos principais produtos que os Edos obtinham no comércio do Níger. A cola guineense era tradicionalmente trocada pelo cobre e o algodão sudanês. O Oba Esigi que sucedeu Evaré foi ainda mais favorável aos portugueses. Permitiu que missionários cristãos construíssem igrejas no reino, que seus súditos batizassem, porém ele não se converteu ao cristianismo, como fez seu contemporâneo manikongo Afonso, rei do Kongo. O único traço cristão que permaneceu em Benin foi à crucificação de seus inimigos, ou seja, o cristianismo não vingou. Tal castigo era desconhecido na África antes da chegada dos cristãos. O comércio entre os portugueses e Benin, além de escravos, envolvia armas, pimenta, vestimentas, marfim, etc.



E agora que você já conheceu um pouco do Reino do Benin, que tal conhecer um pouco mais sobre a atual Nigéria?!

Clique aqui e conheça um pouco mais sobre a Nigéria através destas imagens que mostram a riqueza de alguns reis nigerianos

O Reino de Axum



Axum foi um reino africano que se tornou conhecido pelos povos da região, incluindo o Mediterrâneo, por volta do século I.





Os altos Planaltos da atual Etiópia, na África oriental com altura médica de 2 mil metros, dão à região um clima fresco com chuvas de verão. O solo fértil de origem vulcânica garante uma agricultura farta capaz de alimentar uma grande população. No início da Era Cristã, ali nasceu o reno de Axum. Sua prosperidade vinha da agricultura e do comercio realizado no porto de Adulis, no Mar Vermelho. Em Adulis era comercializado o ouro, marfim e escravos da África, vinho romano, incenso da Arábia, seda da China, corantes e especiarias.


Tinha a sua capital na cidade de Aksum, na atual Etiópia, embora as cidades mais prósperas fossem os portos do Mar Vermelho de Adulis e Matara, na atual Eritreia. Tal como, mais tarde, os reis da Etiópia acreditavam ser descendentes do rei Salomão e da Rainha de Sabá, os monarcas axumitas tinham a mesma crença.


Afresco etíope da rainha de Sabá rumo a Jerusalém, cavalgando e armada com espada e lança.


Aparentemente, este reino começou a estabelecer-se nesta região no século V a.C., uma vez que muitos dos monumentos de Aksum são dessa altura. No entanto, não há muita informação sobre esses tempos antigos, até Axum atingir o seu apogeu. No século II, Axum adquiriu estados na Península Arábica, conquistou o norte da Etiópia e, finalmente, o estado de Kush, cerca do ano 350. Os axumitas controlavam uma das mais importantes rotas comerciais do mundo e ocupavam uma das mais férteis regiões no Mundo. Aksum encontrava-se diretamente no caminho das crescentes rotas comerciais entre a África, a Arábia e a Índia e, como resultado, tornou-se fabulosamente rica e as suas maiores cidades tornaram-se centros cosmopolitas, com populações de judeus, núbios, cristãos e até budistas.



A religião original de Axum era politeísta; aos deuses ofereciam-se animais e erguiam-lhes tronos de pedra em agradecimento pelas vitórias militares. Por volta do ano 300, o cristianismo começou a se difundir pelo reino vindo a se tornar religião oficial quando o rei Ezana se converteu e foi batizado como Abriha. Axum foi o primeiro reino cristão da História.

 Rei Ezana II

O reino de Axum foi o primeiro estado africano a cunhar a sua própria moeda, aparentemente começando no reinado de Endubis (cerca de 270) até ao de Armah (aproximadamente 610). Este estado criou igualmente, também no século III o seu próprio alfabeto, denominado ge'ez (que corresponde igualmente a uma língua ainda falada na região).




A riqueza proporcionada pelo comércio fortaleceu o reino axumita que estendeu seu poder ao sul da Arábia e sobre o reino de Kush. A cidade de Aksum, capital do reino, tornou-se um centro cosmopolita com populações de judeus, cristãos, árabes, indianos, gregos e outros. As cidades axumitas se encheram de construções reais, como castelos e enormes obeliscos monolíticos possivelmente erguidos em honra aos soberanos mortos.
   


 

No Século VIII, árabes muçulmanos invadiram o reino destruíram a próspera Adulis e passaram a dominar o comércio, o reino de Axum enfraqueceu e empobreceu.



Curiosidades

Aksum ou Axum é uma cidade do norte da Etiópia, capital do antigo Império de Aksum (também referido como Reino de Aksum), um dos estados mais poderosos da região entre o Império Romano do Oriente e a Pérsia, entre os séculos I e XIII. As ruínas da cidade incluem obeliscos monolíticos, estelas gigantes, túmulos reais e antigos castelos. Por estas razões, as ruínas da cidade foram inscritas pela UNESCO, em 1980 na lista do Património Mundial. A Igreja Ortodoxa Etíope afirma que a igreja de Nossa Senhora Maria de Zion, em Aksum, contém a Arca da Aliança mencionada na Bíblia, dentra da qual se encontram as Tábuas da Lei onde estão inscritos os Dez Mandamentos. Foi nesta mesma igreja que os imperadores etíopes foram coroados durante séculos, mesmo depois do declínio do reino de Axum, no século X, até ao reinado de Fasilidos e depois a partir de Yohannes IV, até ao fim do império.

 
 A Igreja de Nossa Senhora Maria de Zion, em Aksum
 
Aksum é considerada a cidade mais sagrada da Etiópia e é um importante destino de peregrinações. Alguns festivais religiosos dignos de mencionar são o Festival T'imk'et (equivalente à Epifania nas igrejas cristãs ocidentais), a 7 de Janeiro e o Festival de Maryam Zion nos finais de Novembro.

Em 1937, um obelisco com 24 m de altura e 1700 anos de idade foi cortado em três partes por soldados italianos e enviado de Aksum para Roma. Este obelisco é considerado um dos mais refinados exemplos da engenharia do império axumita e, apesar de um acordo mediado pela ONU, em 1947, de que o obelisco seria devolvido, o governo italiano não o cumpriu, resultando numa longa disputa diplomática com o governo etíope, que vê no monumento um símbolo de identidade nacional. Finalmente, em Abril de 2005, a Itália começou por devolver o obelisco em pedaços. Voltou à sua forma e lugar original, sendo re-inaugurado em 4 de setembro de 2008.


Visitar a Etiópia é mais que pisar nas terras onde arqueólogos encontraram os mais antigos esqueletos humanos - com cerca de 200 mil anos. No norte do país, próxima à fronteira com a Eritréia, a cidade de Axum tem ruínas de monumentos e tumbas daquele que foi o mais importante reino africano dos dez primeiros séculos da era cristã.

   As tumbas reais que podem ser visitadas pelos turistas locais

Construídos entre os séculos I e XIII, os monumentos de Axum garantiram a inclusão da Etiópia na lista de Patrimônios da Humanidade, da Unesco. Em sua paisagem, destacam-se 176 obeliscos gigantes (o maior tem 33 metros de altura), esculpidos com os emblemas reais do reino e colocados junto às tumbas reais, que podem ser visitadas.

 Moradora local em frente à porta de casa, em Axum.



 Templo na cidade de Lalibela, Etiópia


Em setembro de 2008, o segundo mais alto obelisco de Axum foi reinstalado em seu lugar original. Com 24 metros de altura, 1.500 toneladas e cerca de 1.700 anos de idade, a peça havia sido retirada da Etiópia em 1937 por tropas de Mussolini, que o instalaram em Roma.
Na paisagem destacam-se 176 obeliscos gigantes - o maior tem 33 metros de altura


Menos material que o patrimônio tombado pela Unesco e não menos valoroso é o clima de mistério conferido à Axum pela crença de que em seu território estariam a arca da aliança (cofre que abrigaria as tábuas com os Dez Mandamentos) e a casa da rainha de Sabá - reino que existiu entre do século 16 ao 1 antes de Cristo entre a Península Arábica e a região conhecida como "Chifre da África".

A cidade de Axum tem ruínas de monumentos e tumbas daquele que foi o mais importante reino africano dos dez primeiros séculos da era cristã


Dos mistérios originados pela história incerta do Sabá, um dos maiores é a existência dessa rainha, cuja beleza e inteligência teriam feito o rei Salomão pedir-lhe em casamento. Tudo isso mantém uma áurea de interesse em torno da Etiópia, mesmo tendo já sido palco de descobertas muito importantes, como a de 1974: a ossada de Lucy, uma espécie ancestral dos humanos, o Australopithecus afarensis.


 Rainha de Sabá

 Relevo renascentista da rainha de Sabá se encontrando com o rei Salomão - um dos vários painéis que compõem o portal do Batistério de Florença.



 A embarcação da Rainha de Sabá, pintura de Claude Lorrain, 1648.

Na região há um mistério sobre a existência da arca da aliança e da casa da rainha de Sabá .
Situado a 2.000 metros de altitude, no sul da península arábica, o país do “aroma dourado” ficou por um longo tempo isolado das impurezas e tristezas que atingiam a vida dos seres humanos.

Sabá de Biltis, a poderosa rainha, figura que atrai interesse de tantos pesquisadores da atualidade. Sabá do Rei Balak e seus valiosos papiros, os quais fizeram reviver os ensinamentos dos sábios caldeus ligados à construção da Grande Pirâmide do Egito. Sabá da famosa viagem da rainha em visita ao célebre rei judeu, Salomão. São retratados também dois egípcios que, em visita ao reino, trouxeram grande saber sobre Moisés e um misterioso príncipe do deserto.

Fontes:

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Reino de Gana



O nome do reino vem da forma com que tratavam seu líder, o gana, “senhor do ouro”. Suas terras eram chamadas de Uagadu e, embora muitas fontes se refiram a Gana como um “império”, a nomenclatura é controversa. Os historiadores que a condenam defendem que impérios têm intenções expansionistas. Não era o caso de Gana, que não estava interessado em aumentar seus domínios. Queria, sim, multiplicar sua riqueza. Nem sequer as fronteiras do reino eram bem definidas. O importante era cobrar impostos e controlar os entrepostos comerciais.


              
O Reino de Gana ficava na região oeste da África, na área que compreende hoje o Mali e o sul da Mauritânia, alcançou seu ápice entre os séculos VII e XI. Através da captação dos recursos naturais, principalmente ouro e metais preciosos dos territórios dominados pelo reino, transformou-se na principal autoridade econômica da região. Desde já, percebemos a instigante história de um reino que prosperou mesmo não possuindo saídas para o mar e estando próximo a uma região considerada economicamente inviável.



As dificuldades geográficas explícitas da região começaram a ser superadas quando as populações da África Subsaariana (ou África negra) passaram a ter contato com a porção norte do continente. Graças à domesticação do camelo, foi possível que comunidades pastoris próximas do Deserto do Saara começassem a empreender novas atividades econômicas. Nas épocas de seca, os pastores berberes deslocavam-se para a região do Sael para realizar trocas comerciais com os povos da região.



 Soninquês

Entre essas populações se destacavam os soninquês, que ocupavam uma região próxima às margens dos rios Senegal e Níger. Esse povo começou a se organizar em comunidades agricultoras estáveis que se uniram, principalmente, por conta dos ataques de tribos nômades. A região que era rica em ouro aliou sua produção agrícola ao comércio na região para empreender a formação do Reino de Gana. Dessa forma, estabelecia-se uma monarquia no interior da África.


  Escultura soninquê

O Reino de Gana surgiu por volta do século IV como Estado centralizado. As fronteiras ocidentais seguem a linha do rio Senegal; as orientais perto de Tombuctu; embaixo são delimitadas pelo rio Níger e acima pela linha de Tebferilla. Costuma-se dizer que a origem do Reino de Gana remonta aos soninquês. O soninquê é um povo que habitou o Saara Ocidental antes dessas áreas se desertificarem - antes de Cristo.

Quando Gana se encontrava em ascensão política e econômica, no século X, foi dominada pelos soninquês, que estenderam o poder de Gana sobre as regiões auríferas do Senegal - da curva do rio Níger ao deserto do Saara. Essa dominação durou quase um século, enquanto isso os povos que ali viviam eram obrigados a pagar tributos sobre o comércio de mercadorias e a produção de metais preciosos. Por conta desse comércio, ocorriam constantes ataques nômades nas regiões, com isso os soninquês se organizaram politicamente e formaram um poderoso exército.

O Reino de Gana alcançou a altura de sua grandeza durante o reinado de Tenkamenin (1037 – 1075). Através de sua administração cuidadosa do comércio de ouro pelo deserto do Saara na África Ocidental, o império de Tenkamenin floresceu economicamente. Mas sua maior força estava no governo. Todo dia ele ia a cavalo e escutava os problemas e preocupações de seu povo. Ele insistiu que a ninguém fosse negada uma audiência e que lhes permitissem permanecer em sua presença até que a justiça fosse feita.


 Tenkamenin (1037 – 1075)

 
Sua organização política é motivo de controvérsia entre os historiadores que estudam o assunto. Mesmo possuindo um amplo território e uma organização política típica dos governos imperiais, Gana não possuía uma cultura militarizada ou expansionista. O Estado era mantido através de um eficiente sistema de cobrança de impostos localizados nos principais entrepostos comerciais de um território não muito bem definido.

Quanto à sucessão ao trono, ela era matrilinear: era o filho da irmã do rei que lhe sucedia. Segundo Ki-Zerbo, o escritor árabe Al Bakri diz que era para assegurar que o sucessor fosse sempre de sangue real, já que seu filho poderia não ser realmente seu filho. Mas Ki-Zerbo também cita Cheik Anta Diop, para dizer que o sistema matrilinear foi prática comum aos povos africanos e ligada ao seu caráter agrícola e sedentário.

O cavalo, visto que era ligado à pompa do estado, era o transporte do soberano. O gana (rei) só montava a cavalo e percorria a cidade, duas vezes entre cada levantar e pôr-do-sol, acompanhado pelos grandes do reino. A comitiva era precedida por tambores e pífaros, sendo os tambores utilizados em rituais ligados à religião e à corte, como mais tarde seria comum em quase todos os desfiles reais por África. Parece certo que havia tambores especiais para cultos religiosos e cerimônias da corte. O gana (rei) estava vestido de túnica, assim como o herdeiro presuntivo. O gana e seus escravos, cavalos cerimoniais e cachorros andavam ornamentados com muito ouro. Aos súditos era vedado usar túnicas ou roupas que sofressem costura, apenas podiam usar longos cortes de tecido, quando as posses o permitiam. Ao verem o gana, jogavam areia sobre suas cabeças. Os muçulmanos aplaudiam o rei.

Quando morria o gana, erguia-se uma grande cabana de madeira para acolher seu corpo. Ali se colocavam suas vestes, suas armas, os objetos que usara para comer e beber, e comida e bebidas. Conduziam-se para dentro do que seria o túmulo os criados que tinham servido ao rei. Ki-Zerbo diz que isso era para prevenir que não ocorreriam envenenamentos. Vedava-se a porta. O povo jogava terra sobre a cabana, até que houvesse uma espécie de colina. Ao redor, cavava-se um fosso. Ao morto, eram oferecidos sacrifícios humanos e bebidas fermentadas.

O poder do gana (rei) provinha da enorme quantidade de ouro produzida em seu reino. Este monopólio permitiu aos soninquês construir e manter enormes cidades, além de uma capital com uma população estimada entre 15.000 e 20.000 habitantes. A produção do ouro era usada, também, para desenvolver outras atividades econômicas, tais como a tecelagem, a ferraria e a produção agrícola.

A economia comercial de Gana atingiu seu auge no século VIII, ao interligar as regiões do Norte da África, Egito e Sudão. Entre os principais produtos comercializados estavam o sal, tecidos, cavalos, tâmaras, escravos e ouro. Esses dois últimos itens eram de fundamental importância para a expansão econômica do reino de Gana e o considerável aumento da força de trabalho disponível. Entre os mais importantes centros urbano-comerciais desse período destacamos a cidade de Bambuque.
 
O ouro era escoado principalmente para a região do Mar Mediterrâneo, onde os árabes utilizavam na cunhagem de moedas. Para controlar as regiões de exploração aurífera, o rei era responsável direto pelo controle produtivo. Para proteger a região aurífera, o uso de lendas sobre criaturas fantásticas era utilizado para afastar a cobiça de outros povos. O sal também tinha grande valor mediante sua importância para a conservação de alimentos e a retenção de líquido para os povos que vagueavam no deserto.

As cidades mais importantes comercialmente e politicamente a partir do século XI eram Kumbi Saleh (capital), 340 km ao norte da atual Bamako, no Mali. Outra grande cidade foi Audagoste. Com a concorrência de outras potências no comércio do ouro, o Reino de Gana começou a declinar.


 Kumbi Saleh (capita do Reino de Gana)


O reino de Gana começou a sentir os primeiros sinais de sua crise com o esgotamento das minas de ouro que sustentavam a sua economia. Além disso, após o século VIII, a expansão islâmica ameaçou a estrutura centralizada do governo. Os chamados almorávidas teriam empreendido os conflitos que, em nome de Alá, desestruturaram o Reino de Gana. A partir de então, os reinos de Mali, Sosso e Songai disputariam a região.

Em nome do Islamismo, os berberes, da dinastia dos almorávidas, vindos do Magrebe, atacaram e conquistaram Kumbi Saleh, rompendo a unidade do reino que a partir de então ficou dividido numa parte Norte muçulmana, comandada pelos almorávidas, e uma parte Sul, comandada pelos soninquês, onde se refugiaram os não muçulmanos.

O Reino de Gana recusou-se a se converter ao Islã. E assim o reino mergulhou em lutas tribais até o século XII, quando os últimos territórios ganenses foram incorporados ao Reino de Mali.





Quer saber mais sobre o Reino de Gana?
Leia o artigo abaixo, de Juan Torres, 
para a Revista Aventuras na História


 
 

COMUNICADO IMPORTANTE


ATENÇÃO, 7º ANO!
A data das apresentações dos desfiles temáticos sobre os Reinos Africanos foi ADIADA!


NOVO calendário de apresentações:
 


E. M. PROFª MÁRCIA DE BRITO
C. E. EVANGELINA PORTO DA MOTTA
1ª etapa (interna)
Turma 711
Dia 26/11 (terça-feira)

Turma 712
Dia 27/11 (quarta-feira)

Turma 713
Dia 28/11 (quinta-feira)
***
2ª etapa (entre turmas)
Turmas 711 / 712 / 713
Dia 29/11 (sexta-feira)
PRECISA CONFIRMAR!!!

Apresentação única
***
Turma 701
Dia 28/11 (quinta-feira)

Prometeu Acorrentado





 
Há várias versões sobre o mito de Prometeu, herói da mitologia grega. Seu nome, no idioma grego, significa ‘premeditação’. E é realmente o que este titã, um dos deuses que enfrentam o Olimpo e suas divindades, mais pratica em sua trajetória, a arte de tramar antecipadamente seus planos ardilosos, com a intenção de enganar os deuses olímpicos.

Ele era filho de Jápeto e de Ásia, irmão de Atlas, Epimeteu e Menoécio, e se tornou o progenitor de Deucalião. Uma outra vertente menos significativa aponta como pais de Prometeu a deusa Hera e o gigante Eurimedon. Este deus foi o co-criador, ao lado de Epimeteu, da raça humana, e a ela também se atribui o furto do fogo divino, com o qual presenteou a Humanidade.

Muito amigo de Zeus, o ardiloso Prometeu ajudou o deus supremo a driblar a fúria de seu pai Cronos, o qual foi destronado pelo filho. O dom da imortalidade não o impediu de se aproximar demais do Homem, sua criação – de acordo com algumas histórias, ele o teria concebido com argila e água, depois que seu irmão esgotou toda a matéria-prima de que dispunha com a geração dos outros animais, e lhe pediu auxílio para elaborar a raça humana.

Ele concedeu ao ser humano o poder de pensar e raciocinar, bem como lhes transmitiu os mais variados ofícios e aptidões. Mas esta preferência de Prometeu pela companhia dos homens deixou o enciumado Zeus colérico. A raiva desta divindade cresceu cada vez mais quando ele descobriu que seu pretenso amigo o estava traindo.

O titã matou um boi e o fracionou em dois pedaços, ambos ocultos em tiras de couro; destas frações uma detinha somente gordura e ossos, enquanto a carne estava reservada para o pedaço menor. Prometeu tentou oferecer a parte mínima para os deuses olímpicos, mas Zeus não aceitou, pois desejava o bocado maior. Assim sendo, o filho de Jápeto lhe concedeu este capricho, mas ao se dar conta de que havia sido ludibriado, Zeus se enfurece e subtrai da raça humana o domínio do fogo.


É quando Prometeu, mais uma vez desejando favorecer a Humanidade, rouba o fogo do Olimpo, pregando uma peça nos poderosos deuses. Já outra versão justifica essa peripécia de Prometeu como uma forma de obter para a raça humana um elemento que lhe garantiria a necessária supremacia sobre os demais seres vivos.
 
O fato é que Zeus decidiu punir Prometeu, decretando ao ferreiro Hefesto que o prendesse em correntes junto ao alto do monte Cáucaso, durante 30 mil anos, durante os quais ele seria diariamente bicado por uma águia, a qual lhe destruiria o fígado. Como Prometeu era imortal, seu órgão se regenerava constantemente, e o ciclo destrutivo se reiniciava a cada dia. Isto durou até que o herói Hércules o libertou, substituindo-o no cativeiro pelo centauro Quíron, igualmente imortal.

Zeus havia determinado que só a troca de Prometeu por outro ser eterno poderia lhe restituir a liberdade. Como Quíron havia sido atingido por uma flecha, e seu ferimento não tinha cura, ele estava condenado a sofrer eternamente dores lancinantes. Assim, substituindo Prometeu, Zeus lhe permitiu se tornar mortal e perecer serenamente. Este belo mito foi transformado em célebre tragédia pelo poeta grego Èsquilo, no século V a.C, intitulada Prometeu Acorrentado.




 

Texto de: Ana Lucia Santana.
Fonte:  Infoescola

Vamos agora ver uns vídeos bem legais sobre o mito de Prometeu?