As lendas contam que Ilé-Ifé teria sido o próprio berço da humanidade. Ali
Todos os povos e reinos descenderiam do deus-rei Odudua, fundador da cidade
sagrada. Outra lenda diz que Odudua seria o condutor de uma gente vinda do
Leste.
Após a fundação da cidade sagrada o povo teria se espalhado pela região e tomou
forma final por volta do final do primeiro milênio. Possível época da fundação
de Oyo, capital política dos iorubas. Cidades independentes com seus
governantes, camponeses. O Senhor do reino ratificava o poder dos mandantes de
cada cidade que era chamado de Bale e tinha a assembléia dos notáveis, que era
na realidade a detentora da autoridade. O guarda muralhas, em geral era um
mágico, o babalaô, que recolhia os impostos. Uma aristocracia improdutiva
controlava as armas, o poder político, o comércio local, nacional e
internacional.
As comunidades iorubas que se desenvolveram principalmente no sudeste da atual
Nigéria constituíram um dos grandes centros civilizatórios da Guiné e chegaram
a influenciar outras civilizações da região, como o reino de Benin. Esta
irradiação cultural não se restringiu apenas ao continente africano.
A maioria dos iorubás vivem em grande parte no sudoeste da Nigéria; também há
comunidades de iorubás significativas no Benin, Togo, Serra Leoa, Cuba e
Brasil. Os iorubás são o principal grupo étnico nos estados de Ekiti, Kwara,
Lagos, Ogun, Ongo, Osun, e Oyo. Um número considerável de iorubas vive na
República do Benin, ainda podendo ser encontradas pequenas comunidades no
campo, em Togo, Serra Leoa, Brasil e Cuba.
Milhares de iorubas escravizados foram desembarcados no Brasil, fecundando a
cultura e a história do nosso país. Uma explicação plausível sobre a gênese do
povo ioruba, seria as diversas migrações através das regiões entre o Lago Chade
e o Níger.
Bem como tendo acesso ao mar, eles compartilham fronteiras com os Borgu
(variadamente chamados Bariba e Borgawa) no noroeste, os Nupe (que eles chamam
muitas vezes, "Tapa") e os Ebira no norte, os Edo que também são
conhecidos como Bini ou povo benin (não-relacionado com o povo da República do
Benin), e os Ẹsan e Afemai para o sudeste. Os Igala e outros grupos
relacionados, encontram-se no nordeste, e os Egun, Fon, e outros povos de
língua Gbe no sudoeste. Embora a maioria dos iorubás vivam no oeste da Nigéria,
há também importantes comunidades yorubás na República do Benin, Gana e Togo.
A maioria dos iorubás são cristãos, com os ramos locais das igrejas Anglicana,
Católica, Pentecostal, Metodista, e nativas de que são adeptos. O islamismo
inclui aproximadamente um quarto da população iorubá, com a tradicional
religião iorubá respondendo pelo resto. Os iorubas têm uma história urbana que
data de 500 d.C. As principais cidades iorubás são Lagos, Ibadan, Abeokuta,
Akure, Ilorin, Ogbomoso, Ondo, Ota, Shagamu, Iseyin, Osogbo, Ilesha, Oyo e
Ilé-Ifè.
Arte
Os Yorubas do Sul da África Ocidental (República do Benin, Nigéria e Togo,
incluindo também peças de Gana, Camarões e Serra Leoa), tem uma muito rica e
vibrante comunidade artesanal, criando arte contemporânea e tradicional. O
costume de arte e artesãos entre o Yoruba é profundamente assinalado no corpo
literário Ifá que indica os orixás Ogun, Obatala, Oxum e Obalufon como central
à mitologia de criação inclusive a obra artística (isto é a arte da humanidade)
Ao longo dos anos, muitos já vieram cruzar idéias estrangeiras da obra
artística e arte contemporânea com as formas de arte tradicionais encontradas
na África Ocidental.
Língua
O iorubá ou ioruba (Èdè Yorùbá, "idioma iorubá") é um idioma da
família linguística nigero-congolesa, e é falado ao sul do Saara, na África, dentro
de um contínuo cultural-linguístico, por 22 milhões a 30 milhões de falantes.
A língua iorubá vem sido falada pelo povo iorubá há muitos séculos. Ao lado de
outros idiomas, é falado na parte oeste da África, principalmente na Nigéria,
Benim, Togo e Serra Leoa.
No continente americano, o iorubá também é falado, sobretudo em ritos
religiosos, como os ritos afro-brasileiros, onde é chamado de nagô, e os ritos
afro-cubanos de Cuba (e em menor escala, em certas partes dos Estados Unidos
entre pessoas de origem cubana), onde é conhecido também por lucumí).
Fonte: Civilizações Africanas
A religião dos iorubás
A religião tradicional yorubá
envolve adoração e respeito a Olorun ou Olòdùmarè, o criador, dos Orixás e dos
antepassados, e cultuam 401 deidades; a maior parte desses Orixás são figuras
antropomorfas, que também são associadas com características naturais. As
pessoas rezam e fazem sacrifícios, de acordo com suas necessidades e situação.
Cada divindade tem as suas regras, ritos e sacrifícios próprios. Os yorubás
rezam para os Orixás para intervenção divina em suas vidas.
Olorun (o dono do céu), ou Olòdùmarè
é o Deus supremo dos yorubás, ele é o criador, é invocado em bênçãos e em
certas obrigações, mas nenhum santuário existe para ele, nenhum sacerdócio
organizado.
Os yorubás, também, crêem que os
antepassados interferem diariamente nos eventos da terra. Em algumas cidades
são feitos festivais anuais, onde cada Egungun dança, e é festejado. Como já
vimos os yorubás, são um povo com uma cultura muito rica. Eles superaram muitos
obstáculos para alcançar o ponto em que estão hoje. A sua cultura e história
podem ser vistas ao longo do mundo, especialmente as convicções religiosas, em
outras palavras, os yorubás são dos mais influentes povos do mundo.
Outra explicação que se faz a
respeito do aparecimento das divindades seria que Oxalá ou Obatalá, deus da criação
instalou o seu reino em Ifé, lugar sagrado dos yorubás. Fala-se que Obatalá
tinha um irmão mais jovem chamado Oduduwa, que ambicionava executar as tarefas
que Olòdùmarè confiou a Obatalá e, para tanto, fez um ebó, contando com a
colaboração de Esu (Exu), que armou uma cilada, provocando muita sede em
Obatalá, que se encontrava bastante cansado da viagem. Ao se aproximar de uma
palmeira, usando seu cajado, furou a dita palmeira e bebeu o emu ( vinho de
palma) que jorrava. Exausto embriagou-se rapidamente e ali mesmo deitou e
adormeceu. Oduduwa que vinha de espreita na retaguarda, passou à sua frente, e
tornou-se fundador dos povos yorubás.
Olodumaré
Poucos sacerdotes falam de
Olòdùmarè, pois não existe nenhum altar, nenhum assentamento dedicado a ele e
nenhum filho ou filha lhe é consagrado. A religião é parte essencial da cultura
dos povos africanos, e acreditam que Olòdùmarè seja o ser supremo, é o Obá
Orum, rei do céu. É ele acima de tudo; omnipresente, ele é Olorun Alagbara, o
Deus Poderoso.
Diz a mitologia yorubá que
Olòdùmarè, junto com a criação do céu e da terra, trouxe para a existência as
outras divindades Orixás, para o ajudar a administrar a sua criação, e a
importância de cada divindade depende da posição dentro do panteão yorubá.
Olòdùmarè é o Deus Supremo dos yorubás, merecedor de grande reverência, o seu
status de supremacia é absoluto.
- Ele é onipotente – tão onipotente que para Olòdùmarè nada é impossível, ele é o rei cujos trabalhos são feitos para perfeição.
- Ele é imortal – Olòdùmarè nunca morre, os yorubás crêem que seja inimaginável para Elemi (o dono da vida) morrer.
- Ele é onisciente – Olòdùmarè sabe tudo, não existe nada que se possa esconder dele; ele é sábio, tudo está ao seu alcance. Alguns estudiosos afirmam que a religião yorubá, é a religião monoteísta mais antiga da humanidade.
Fonte: O Candomblé
Conhecendo os orixás
Os orixás são deuses africanos
que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão
relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá
aproxima-os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como
nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda
o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas,
rezas, ambientes, espaços físicos e até horários.
Como resultado do sincretismo que
se deu durante o período da escravatura, cada orixá foi também associado a um
santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os
seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos
católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.
Apresento a seguir as descrições de
alguns dos orixás mais cultuados:
Cores: Anil, Branco e Roxo
Símbolo: Bastão de hastes
de palmeira (Ibiri)
Elemento: Terra, Água,
Lodo
Domínios: Vida e Morte,
Saúde e Maternidade
Saudação: Salubá!
Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.
OXALÁ
Dia: Sexta-feira
Cor: Branco leitoso.
Simbolo: Opáxoró
Elementos: Atmosfera e Céu
Domínios: Poder procriador
masculino, Criação, Vida e Morte
Saudação: Epa Bàbá
OXALÁ é o detentor do poder
procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um
elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma
e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se,
assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num
bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas,
gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a
sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os
metais e outras substâncias brancas.
EXU
DIA: Segunda-feira.
CORES: Preto (ou seja, a
fusão das cores primárias) e vermelho.
SÍMBOLOS: Ogó de forma
fálica, falo erecto.
ELEMENTOS: Terra e fogo.
DOMÍNIOS Sexo, magia,
união, poder e transformação.
SAUDAÇÃO Laroié!
Exu (Èsù) é a figura mais controversa
do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da
transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele
que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana.
Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.
Muitas são as confusões e
equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo
cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade,
que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu
contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não
é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e
odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
IANSÃ
Dia: Quarta-feira
Cores: Marrom, Vermelho e
Rosa
Símbolos: Espada e Eruexin
Elementos: Ar em
movimento,qualquer tipo de vento, Fogo
Domínios: Tempestades,
Ventanias, Raios, Morte
Saudação: Epahei!
O maior e mais importante rio da
Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o país. Rasgado,
espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes por esse motivo
tornou-se conhecido com o nome Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar,
espalhar. Esse rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe
dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Ìyá
Mésàn, Iansã (Yánsàn).
OXUM
Dia: Sábado
Cores: Amarelo – Ouro
Símbolo: Leque com espelho
(Abebé)
Elemento: Água Doce (Rios,
Cachoeiras, Nascentes, Lagoas)
Domínios: Amor, Riqueza,
Fecundidade, Gestação e Maternidade
Saudação: Eri Yéyé ó!
Na Nigéria, mais precisamente em
Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a morada da mais bela
Iyabá, a rainha de todas as riquezas, a protectora das crianças, a mãe da
doçura e da benevolência.
Generosa e digna, Oxum é a rainha
de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres
da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande
poder feminino.
LOGUN EDÉ
DIA: Quinta-feira
CORES: Azul-turquesa e
Amarelo-ouro
SÍMBOLOS: Balança, Ofá,
Abebè e Cavalo-marinho
ELEMENTOS: Terra
(floresta) e Água (de rios e cachoeiras)
DOMÍNIOS: Riqueza, Fartura
e Beleza
SAUDAÇÃO: Logun ô akofá!!!
Logun Edé (lógunèdè) é o orixá da
riqueza e da fartura, filho de Oxum e Oxóssi, deus da guerra e da água. É, sem
dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das
principais características dos seus pais.
Rei de Ilexá,caçador habilidoso e
príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que
se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.
Na Nigéria, a cidade de Logun Edé
chama-se Ilexa e é uma das mais ricas e prósperas da África, anualmente fazem
encontros com vários festivais vindo pessoas de toda as partes da África.
Fonte: O Candomblé
Enquanto isso no mundo da arte...
Fotografia!
Recentemente, o estúdio de fotografia Noire 3000 produziu um ensaio fotográfico belíssimo com o tema Orixás Iorubás Africanos. Os orixás foram representados através de modelos que deram um ar de modernidade à ancestralidade africana. Como a arte final está em inglês, traduzi livremente os textos de cada uma das imagens, para melhor compreensão.
Os textos em português do ensaio completo seguem abaixo:
Aganju – orixá dos vulcões e
desertos, pai de Xangô, às vezes seu irmão em outras histórias
Babaluaê – orixá da doença e das
infecções, e também da cura de todos os males
Erinlê – orixá da saúde física e
do bem-estar, também o médico dos deuses
Exu – orixá das encruzilhadas,
dos cruzamentos, trapaceiro, brincalhão, mensageiro entre os homens e os deuses
Ibejí – divindades africanas
infantis da juventude e da vitalidade, também conhecidos como os gêmeos sagrados,
um menino e uma menina
Ibeji - divindades africanas da
juventude e da vitalidade, também conhecidos como os gêmeos sagrados
Obatalá – orixá da humanidade e
da retidão moral e espiritual, também rei das roupas brancas e segundo filho de
Olorun
Obá - orixá do casamento e da
vida doméstica, também a mulher abandonada de Xangô e filha de Iemanjá
Oxumaré - orixá do movimento
direto, serpente-arco-íris, guardião das crianças, da mudança de sexos, senhor
das coisas alongadas e controlador do cordão umbilical
Oko - orixá da agricultura e da
colheita
Olokun - orixá das profundezas
dos oceanos, dos abismos e significa sabedoria insondável
Olorun – Deus e Criador do
Universo, também pai de todos os orixás, também conhecido como o Pai do Céu
Ori – conceito metafísico de
intuição espiritual de uma pessoa e seu destino, significa “cabeça”
Orunmilá - orixá da sabedoria, da
adivinhação e da previsão
Oxum - orixá da beleza, do amor,
da fertilidade e das águas doces (rios)
Oxossi - orixá da caça e defensor
dos acusados e daqueles que são vítimas de injustiça
Oiá – orixá guerreira dos ventos,
das mudanças repentinas, dos furacões e poderosa feiticeira
Ossain - orixá da floresta,
curandeiro natural e guardião das ervas
Xangô - orixá do fogo, do relâmpago
e do trovão, também representa o poder masculino e a sexualidade
Iemanjá – mãe divina africana,
divindade da humanidade, dos mares, filha de Obatalá e esposa de Aganju/Xangô
Cinema!
O Brasil foi um dos países que receberam os povos iorubás, trazidos como escravos na época do tráfico negreiro. Por isso, nossa cultura é bastante influenciada por estes povos e por sua religião/fé. Alguns filmes brasileiros ajudam a compreender um pouco mais sobre as religiões afro-brasileiras. Recentemente, um filme brasileiro de bastante sucesso trouxe esse tema à tona. Trata-se de Besouro, filme que conta a história de um capoeirista baiano, lançado no ano de 2009. Vamos assistir?
Besouro (trailer) - 2min
Besouro (filme completo) - 94min
Parabéns pelo blog me ajudou muito. mais você poderia falar também sobre o império deles também.
ResponderExcluirsenhorrrrrrrrrrrrrr quanto erro "contacto" "nana" nossa
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